terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Diário de Manuel

III

O velho era esquisito, tinha uma voz rouca, de dar medo, mas aparentava calma e satisfação ao vê-la; embora nervoso e tenso, quando a tomou com as mãos firmes pelo braço e a levou ladeira acima, para sua própria casa. Casa simples, de homem sem mulheres; no entanto, nada revelava ser ele um homem inexperiente. Conduzira-me com sabedoria, gozando cada movimento – parece que lia minha alma de puta. Enfim, a trepada fora boa, a noite calma e a recompensa em meu bolso indicava sossego.

Assobiaram, quando descia a ladeira. Suspirei fundo e me soltei na Lapa, na noite da Lapa, atrás de uma boa comida, um cigarro, uma bebida – talvez. Ainda algum homem. Havia um rumorejar de vozes. A liberdade dos homens que assobiavam, mexiam, querendo, insistindo nos minetes, nas putarias, nas delícia da vida.


(oswaldo martins)

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