sábado, 24 de janeiro de 2009

poema paulista

nem tudo era corpo
na praia daAlmada
tinha a minha voz
e a dela
que cantava todo dia
de manhã
sem chapéu de palha
sem óleo na pele
sem preguiça
encostava os pés no chão
a voz
soletrava
conchas quebradas
recitava
ondas nada repetidas
e eu
dedos queimados
nos riscos da
água-marinha
invadia com tudo
aqueles pensamentos
a poesia
da Almada
a frase maldita que eu
não esquecia
um dia, nesse lugar,
um homem deixou
de ser
som
e se tornou
maresia
o brilho nos rochedos
e ela
o medo da Almada
de tudo
que escondia.


(Lúcia Leão)

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