sexta-feira, 6 de março de 2009

Poema do dia

ELEGIA

Cada momento do meu coração
bebe a memória do teu morto nome,
e este meu resto, em fuga, se consome
entre musgos de cinza e escuridão;

nem a memória só do morto nome,
mas o calado rosto, a inútil mão,
a voz, o peito, a prematura fome
da vida no menino (e homem) de então.

Meu lembrar-te, buscando-te sem onde,
caminha, e amargamente sobe a rua
e o seu silêncio palido de cal.

Sobe, e na triste pedra que te esconde
deixa apagada flor, antiga lua,
póstumo olhar sem tempo, de água e sal.

(Abgar Renault - A lua sob a lápide)

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