quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Cristina Buarque e Terreiro Grande

O álbum que Crsitina gravou com o grupo Terreiro Grande é daqueles que nascem com o destino dos clássicos. Nos quatro blocos da coletânea, os sambas de diversas procedências são executados e cantados com paixão. Desde o belo O meu nome já caiu no esquecimento passando pelo não menos belo e famoso Quantas lágrimas de Manacéa, que fecha o primeiro bloco até última música com que o quarto e último bloco do álbum se completa, retomando as composições de Paulo da Portela pouco menos conhecidas, o gosto pelo canto, o à vontade com que se deve cantar o samba de terreiro se destaca e promove uma comovida audição, que pede nosso sossego e concentração.

As músicas, grande parte do repertório dos grandes compositores da Portela, recebem um tratamento antológico e preciso. À emoçâo do canto se juntam as vozes contidas dos partideiros e o domínio absoluto de Cristina, de quem um dia Cartola afirmou ser uma cantora para compositor. Aliás, o cantar samba requer um jeito próprio de fazê-lo, e de tal forma que só as pessoas acostumadas a ouvi-los desta maneira podem apreciar sua profunda beleza.

Aliás, deve-se pensar seriamente em estudos que balizem a forma de composição e do canto que as diversas regiões do samba promovem. Um samba da Portela tem modulações que são apenas da Portela, como os da Mangueira, os do Salgueiro, os do Império Serrano são em si mesmos proposições próprias, sem que percam a forma geral do que é o samba carioca. Silas, Mano Décio, Dona Ivone Lara e Wilson das Neves são de escola comum, assim como Cartola, os Nélsosn – Cavaquinho e Sargento, Zé Keti.

Ao dedicar-se ao canto do samba, Cristina nos dá a medida de que é possível juntar à comoção de nos reconhecermos profundamente um amplo estudo de regaste das formas originais e duradou ras do samba.

(oswaldo martins)

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