segunda-feira, 1 de março de 2010

Silêncio em A Fita Branca, filme de Haneke

De tanto que se pode dizer sobre essa obra grandiosa, quero destacar a falta de trilha musical. Há música porém naquela aldeia alemã, não só do vento frio e dos tons cinzentos, negros e brancos.

O professor e narrador toca harmônio para a namorada que acaba de perder o emprego; os camponeses dançam conforme a música no baile da colheita; três meninos fazem flautins artesanais, procuram tirar som, e um deles inveja e ataca o menino que consegue tocar.

Além dos três momentos há um coral de meninos e meninas que canta na capelinha luterana do povoado entre 1913 e 1914. Ouvem-se em pouquinhos minutos fragmentos de melodias de Bach.

No Dia da Reforma, canta-se um De Profundis, cuja letra saiu do Salmo 130. Abordam, letra e salmo, as profundíssimas culpas, no contexto da trama. No fim de tudo, o coro canta o Castelo Forte, o hino da Reforma, cuja letra foi composta por Lutero, com base no Salmo 46. No contexto da eclosão histórica da Primeira Guerra Mundial (com desfecho conhecido fora da trama), o coro final entoa o profundíssimo medo do futuro. Salmo e letra falam de um Deus invulnerável, Senhor dos exércitos, de quem se invoca a proteção absoluta.

Cláudio Correia Leitão

Um comentário:

  1. Não assisti ao filme ainda. Mas me abriu uma vontade grande de vê-lo. Valeu, Leitão.
    Ana Lúcia

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