segunda-feira, 28 de junho de 2010

No teu deserto, de Miguel Sousa Tavares

O livro não é de hoje, mas só li agora. Os fatos não são de há muito tempo. Melhor que os fatos, que se deram em 1987, é o que se lê narrado na elegia de um narrador por uma tal Cláudia que já se foi. A estória é dedicada a ela na forma de estrela no céu, “lá em cima sobre o Saara”, Argélia abaixo, descaminhos afora, o deserto visitado em caravana de jipes e motas. Quem conta o faz porque sente muito, muito, muito a falta dela. E diz assim. Porque sinto a sua falta, muitas vezes.

A elegia em prosa procura seu lugar no mundo autochamado de quase romance, com a ambiguidade do vivenciado e narrado, ora impresso diante do leitor que toma o rumo do fim e do regresso. A suspensão da importância do desfecho dá-se nas primeiras páginas, quando se sabe desde logo que Cláudia já morreu, como a Madalena de Paulo Honório, que se mata. Cláudia, porém não se sabe. Por que diabos morreu?

Uma foto de Cláudia com a inscrição “Sahara, 1987” motiva a escrita que se vai ler e encerra o assunto que deixa no leitor o sabor de poesia lírica sobre o que foi triste, belo e findo.

Cláudio Correia Leitão
Rio de Janeiro, junho de 2010

Um comentário:

  1. Ótima dica! Assim que terminei de ler essa postagem, fiquei sedento por adquirir o livro e, confesso, não me arrependi.

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