segunda-feira, 6 de junho de 2011

Prolegômenos para mim mesmo

Eugênio ensinou-me que a arte renascentista é – como ele dizia – uma verdadeira putaria. Fruia a voz um pouco roufenha, o sotaque misturado do austro-portenho-brasileiro., com prazer. Pediu-me um papel desenhou e desenhou. Depois desfez os desenhos. Não é que era! Parte por parte. Eugênio, mestre como poucos.

Sempre ouvi dizer pelo meu pai que um dos locais em que trabalhara no início da vida de médico, perto de Congonhas do Campo, era – segundo um colega seu de quem me esqueci o nome – uma putaria franciscana. Só vim a descobrir porque franciscana muito mais tarde. Os fradezinhos não eram fáceis.

De uma feita, levei Eugênio a Barbacena, para visitar a casa paterna e as cidades históricas de Minas. O Cristo caralhudo com que presenteou meu pai remata as duas historietas e informa – en passant – que, em arte ou na vida, nada do que nos parece ser na verdade é.

(Oswaldo Martins)

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