sexta-feira, 29 de julho de 2011

Sarau Poético TextoTerritório / Biblioteca Parque de Manguinhos



+
Encontro de poetas, escritores, leitores e freqüentadores da Biblioteca Parque
de Manguinhos, em torno da palavra falada, da palavra cantada e de outras
performances.
+ Poetas convidados:
André Capilé
Rogério Batalha
+Microfone aberto
+ Interessados em participar do evento inscrevam-se aqui: http://www.textoterritorio.pro.br/site/index.php/component/content/article/631
Quando
sáb 6 de ago 17:00 – 19:00 São Paulo
Onde
Bibliioteca Parque de Manguinhos - Avenida Dom Helder Camara, 1184 (atrás do Colégio Luiz Carlos da Vila) (mapa)

Primeiro Sarau literário TextoTerritório/Moviola

Encontro de poetas, escritores, leitores na Moviola, para ler e ouvir textos variados. + Entrada franca + Microfone aberto + Escritores Convidados: · Cesar Cardoso · Masé Lemos · Rogério Batalha
Realização: TextoTerritório (http://www.textoterritorio.pro.br)
Promoção: Moviola (http://www.moviolalivraria.com.br/)

Quando
sex, 5 de agosto, 19:00 – 22:00 GMT-03:00
Onde
Rua das Laranjeiras, 280 lj. B e C

Pilulinha 18

Inferno, de Strindberg, traduzido por Ismael Cardim, editado pela 34, é um livro que faz o leitor se deparar com os aspectos críticos da loucura. Escrito no final do século XIX, originalmente em francês, tem como pano de fundo os aspectos positivos da ciência. Assim como o conto Enfermaria nº 6, de Tchekhov e O Alienista, de Machado de Assis, o romance do escritor sueco – embora nos apresente uma verdadeira aula de química e botânica, tem como determinação a descrença nas ciências positivas. Antípodas nesta narrativa não são as ciências e a religião como quer nos fazer crer o narrador, mas a ciência e a loucura, como nos dois outros livros citados acima.


(oswaldo martins)

quarta-feira, 27 de julho de 2011

do língua nua, feminino

escada
*
se o peito
se o braço

a abundante carne
fodida

em devoção
*
que fala esta mulher
que segredos

os degraus
a bunda
na ponta dos pés

que oração, cachorra,

no cabedal
dos desvarios

terça-feira, 26 de julho de 2011

Gottfried Benn - Astern

Georg Trakl: Grodek

Leminski - Poesia etária

Isso não é um livro de viagem

Poema ALGUNS TOUREIROS, do pernambucano João Cabral de Melo Neto

Carlos Drummond de Andrade

Manuel Bandeira - Vou-me embora pra pasargada -NP

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Pilulinha 17

Axilas e outras histórias indecorosas, livro de Rubem Fonseca, recém publicado pela Nova Fronteira, junto a um exercício de memórias ficcionais cujo título é José, traz as mesmas peculiaridades dos contos do autor mineiro. O ambiente de violência, a brevidade dos contos, e o erotismo que – ao que me parece – dá o tom das narrativas apresentadas. O mestre da narrativa curta, do conto enxuto cada vez mais proclama a sua maestria em desfiar a sordidez pequena do cotidiano.


(Oswaldo Martins)

domingo, 24 de julho de 2011

Inaya_Yaber

SUEÑO
Probé todos los tipos de noche
Pero el mismo sueño
Me vuelve sin cesar
Caigo siempre desde lo alto
Rodeada de rostros
Que conozco
Solo el rostro
Que se parece a mí
Me da miedo
Es que soy hija única
No tengo hermanas

ASÍ DEBERÍA SER LA VIDA
Cuando estamos juntos
Es curioso
Cómo no escribo
Ni una palabra
Ni un poema
Es curioso
Cómo la poesía
No quiere ya decir nada
Dicho sea entre nosotros
Así
Debería ser la vida
*Poeta y periodista. Obras: Cosas simples (1997), Estoy ocupada (2000), Satín blanco (2002).

sexta-feira, 22 de julho de 2011

2 da série masculina do Língua nua

2
frequentei os bordéis da solidão as mariinhas as dorvalinas gritei em camas muitas descri do amor burguês que havia as putas e sua grinalda de flores

(Oswaldo Martins)

terça-feira, 19 de julho de 2011

Memórias esotéricas 2

Aprendi a ser puta com balthus. Imitava, quando menina, as poses mais ousadas das putinhas das imagens que conseguia ver nas livrarias, nas reproduções com que topava, iludi muito, graciosamente. Fiquei ligada a vida toda a essas duas predições do paraíso. as mulheres mais velhas, senhoras, me odiavam. Viravam o rosto e diziam por entre dentes, para que eu as ouvisse, putinha. Quanto mais diziam, mais o gestual se aguçava como num quadro de varett – o das putas insólitas. Aliás, varett foi o último dos pintores com quem me familiarizei, já velha, mas nele me vi quando e quanto eu fui. Ser puta tinha a vantagem de mandar a puta que os pariu os poderes todos.
Já minha primeira trepada foi uma provocação – de que tirei mais prazer do que a foda em si mesma – trepei não por tesão, mas para exemplar os babacas que me cercavam. Queria convencer meus amigos que fossem para a rua em força e fizessem cair este regime de gordos e os expulsasse das estruturas do poder. Foi mais um ato político que me adiantou os desejos que sempre busquei ter nas imitações fáusticas da putaria. Levei um tabefe na cara, fui expulsa de casa – mas não vaguei como uma vadia pelas ruas – o babaca com que trepei me levou para sua casa, pensava em me comer de novo, mas não dei para ele nunca mais. Tiozinho escroto, o sujeito.

(Jurema Silva – Memórias Esotéricas)

sexta-feira, 15 de julho de 2011

O inferno de Strindberg

Toca a sineta pra o almoço e, à mesa, encontro-me em macabra companhia. Caveiras e agonizantes: a um falta-lhe o nariz, a outro um olho, adiante vejo um doente como lábio caído e a face em putrefação. Mas há dois que não têm ares de enfermos; ostentam, no entanto, uma expressão de desesperada tristeza. São refinados ladrões que agiam na alta sociedade e conseguiram, através de prestigiosas relações, um relaxamento de prisão por motivo de doença.

Um repugnante cheiro de iodofórmio me tira o apetite e, como tenho as mãos envoltas em curativos, devo recorrer-me aos companheiros para cortar o pão e servir-me de beber. Neste banquete de criminosos e condenados à morte, a boa Madre Diretora, vestida com seu austero hábito preto e branco, dá a cada um de nós uma beberagem envenenada. Levanto minha taça de arsênico e troco um brinde com uma caveira, que, por sua vez, me saúda com seu copo de digitalina. É lúgubre, mas, assim mesmos é preciso ser grato, o que me faz ficar furioso. Mostrar reconhecimento por uma coisa tão medíocre e desagradável.

(August Strindberg – Inferno – Editora 34, São Paulo, 2009 – tradução de Ismael Cardim)

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Variação para poema de Luiz Fernando

para Lucca
1
A crença na vitalidade nos faz melhores. Quando essa crença se desdobra em atos, os dias se limpam e as vontades explodem como se a juventude fosse eterna – até porque o dia seguinte é sempre vivido na singularidade do instante. O envelhecimento é mero acaso – descartável. Celebrar um filho com esta ótica é mais do que celebrá-lo é erotizá-lo tão mais nosso como as pedras angulares do poema de Luiz Fernando que erotizam, virilizam o aleitamento e o cuidado dos primeiros dias, solfejam músicas o encantamento.
2
Totalmente árabe o pai resiste – colono de gaza – sobre os desertos que se inventam para por termo à celebração. Contra o fim o pai celebra a sumarenta aurora – o riso de quem se ri por último e primeiro, que a afirmação da vida não permite a putrefação do humor. Como em Oswald, o poema de Luiz Fernando navega no auto amor/humor que corrói as bases sólidas do senso comum dos dildos masturbatórios da burguesia carente de eros.
3
O filho anuncia o pai que sempre foi – movimento circular de um outro sísifo. O que ousa pedras para diante em montanhas diferentes. Uma pedra que não volta mas se reconstrói o que o pai do filho anuncia no filho que o reanuncia.
4
Como fratura exposta o filho, no poema de Luiz Fernando, responde aos anátemas da vida. O filho é mais que o filho. O filho é o pai numa dimensão apsicanalítica da vida. O filho é o pai do que o pai gera, filhos e escritos. Quem não sabe das sacanagens da vida? O olho torto dos que giram à e a roda do próprio umbigo? Dos que escrevem o que não escrevem e impulsam para dentro como românticos bobocas? Fazer um filho é refazer-se contra a morte em vida, a represada angústia. Luxúria da razão. Paradoxal e verdadeira.
5
O corpo celebrado, enfim, como um clarão benjaminiano – anunciador da efusão e não do otimismo; anunciador da precariedade humana e dos zumbidos que compõem sobre a angústia dos tempos idos – tão Cartola – a celebração do devir.
(Oswaldo Martins)

terça-feira, 12 de julho de 2011

Convite

poemas para o pequeno

poemas para o pequeno

1.
Não repito a sina de sísifo.
Das pedras só a angular
com seu leite.
Aciono o movimento
sem ser água
de moinho cansado
carecendo de nuvem.
Sísifo esfuma-se,
o caminho
solfeja

2.
O caminho começa
com o chegante
Ele veio ali na sala de parto:
todos em concentração,
bocachiusa.
Mais tarde
o pai totalmente árabe
o filho dorme
nos braços do barbudo
Mais tarde,
é a sumarenta
aurora

3.
Este filho é obra,
anúncio
de que todos os artigos,
todos os ensaios por vir
estão perdoados
porque a obra se fez,
está ali,
iluminando.

4.
E vieram brincar
que eu não parava
Como se mais
um filho no mundo
fosse um anátema
à luxúria da razão,
como se escrever
fosse o deserto.
Vivo de duas margens
que me apontam
o caminho
Quando o filho olha
sei que cheguei
à fonte.

5.
A clareira abriu-se
no meio da angústia
branca
Uma fé não se apaga
impele mesmo
o corpo
a brincar de novo
a deixar de lado
os zumbidos
e celebrar
pele, cheiro, toque.

________________
11/07/2011
Luiz Fernando Medeiros

Cesar Cardoso em Sarau

segunda-feira, 11 de julho de 2011

memorias esotéricas 1

determinados momentos fazem com que a gente se sinta mais desprotegida ou mais leve, inconclusa. Algo que mexe cá dentro nos torna mais solitárias, menos afeitas a aventuras. Os dias bonitos, o cheiro de novembro no ar ou uma dor de barriga tão insuportável que parece que vamos nos esvair em merda. Ou um telefonema. Qualquer espinha que aconteça – se você estiver atenta, pode ser mais uma juventude provecta que teima em não ir embora, mas pode também ser uma sordidez, aviso ou telegrama – tanto faz. Um buço não cairia mal nestes momentos, enfearia a cara e me faria ridícula como a monalisa de duchamp ou o bigodinho do trovador de miró.
estou aqui presa a meus livros e a algumas fotografias eróticas que não me servem de nada. O quarto é exíguo e sento-me nua na cama – há um colar de rugas em torno de meu pescoço, quase imperceptíveis. Uma lareira arde bem atrás de mim. Faz frio e eu aqui com num quadro de eduard munch. pentelho branco desponta sorrateiro em meu púbis. Se eu cortasse algumas palavras e escrevesse ou pensasse pen 1 te 2 lho 3 bran 4 co 5 des 6 pon 7 taem 8 meu 9 pú 10 bis teria inventado um decassílabo que também não serviria para nada, talvez para um soneto tardio e límpido como as manhãs de primavera – um soneto em que o eu lírico – que não sou eu – jurema silva – mas a juju do balacobaco – insistissem em sua vida de mulher airosa – de puta mesmo.

(Jurema Silva – Memórias Esotéricas)

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Do Língua nua

10
este o abismo da alma o andar medido os anos revoluteiam no corpo revoltos versos estancados em medida o ocaso de um soneto talvez e mais talvez o passo com que meço no espaço o ritmo da mão trêmula e ávido sob este papel em restauração de noites tontas ao som de um religioso bach que alertasse para a dúctil ubiquidade da alvorada preludio com a alma gasta em todas as vírgulas as dobras da vulgata