terça-feira, 12 de julho de 2011

poemas para o pequeno

poemas para o pequeno

1.
Não repito a sina de sísifo.
Das pedras só a angular
com seu leite.
Aciono o movimento
sem ser água
de moinho cansado
carecendo de nuvem.
Sísifo esfuma-se,
o caminho
solfeja

2.
O caminho começa
com o chegante
Ele veio ali na sala de parto:
todos em concentração,
bocachiusa.
Mais tarde
o pai totalmente árabe
o filho dorme
nos braços do barbudo
Mais tarde,
é a sumarenta
aurora

3.
Este filho é obra,
anúncio
de que todos os artigos,
todos os ensaios por vir
estão perdoados
porque a obra se fez,
está ali,
iluminando.

4.
E vieram brincar
que eu não parava
Como se mais
um filho no mundo
fosse um anátema
à luxúria da razão,
como se escrever
fosse o deserto.
Vivo de duas margens
que me apontam
o caminho
Quando o filho olha
sei que cheguei
à fonte.

5.
A clareira abriu-se
no meio da angústia
branca
Uma fé não se apaga
impele mesmo
o corpo
a brincar de novo
a deixar de lado
os zumbidos
e celebrar
pele, cheiro, toque.

________________
11/07/2011
Luiz Fernando Medeiros

Nenhum comentário:

Postar um comentário