sábado, 26 de novembro de 2011

A respeito dos zum-zuns


Cantiga de longe, de Edu Lobo, lançado no ano de 1970, traz uma composição composta por seu pai, Fernando Lobo, e Paulo Soledade. Zum Zum, feita a partir do acidente com o avião da Panair, um constellation. Embora composta para homenagear o amigo, comandante da avião Constellation, da Panair, a música ganhou ares carnavalescos em 1951, quando Dalva de Oliveira a gravou.

A gravação de Edu Lobo é feita, nos EUA, com vinte anos de diferença, adquire um andamento mais lento, lamentoso. Há nesta gravação duas leituras possíveis, a de que Edu Lobo tenha reinterpretado o andamento original da música, o que teria um valor memorialístico bem específico de recuperar a origem da composição, o que certamente é importante. Entretanto há outra possibilidade, que creio ser mais importante, pois, além de englobar a perspectiva anterior, cria uma possibilidade de leitura de sua época, em que a tortura, o exílio e a prisão se tronaram ações constantes e causa de depressão social, com a qual convivemos até hoje, pelos estragos que os governos militares fizeram na educação pública, nas instituições democráticas e na participação popular.

Das diversas composições e interpretações que se fizeram e se tornaram, com justiça, uma espécie de hino, a partir do qual podíamos extravasar a frustação da participação social, prefiro este protesto silencioso e pungente.

(Oswaldo Martins)

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