sábado, 18 de maio de 2013

Pilulinha 32


O livro de Pepetela, O planalto e a estepe, editado pela Leya, não é um grande romance, embora nos sirva a nós, distantes da África, como elucidação das lutas pela independência e do período posterior, de sua fixação, o entrecho do romance é meio batido. O caso de amor que dá alguma “humanidade” ao narrador e o diferencia dos demais revolucionários serve para ilustrar tanto a desdita dos regimes autoritários ligados à antiga URSS quanto a afirmação de que a revolução seria possível se tomada aos moldes africanos. 

O hábito de ver em si, na nacionalidade, vantagens que outros povos não possuem é uma característica constante e negativa da literatura que está em formação. No Brasil, a literatura romântica e sua tradição enfadonha que nos acompanha até os dias de hoje, com raríssimas exceções, principalmente localizadas no período que vai de 1922 a 1960, apresenta exatamente a mesma direção, que teima em verificar a existência do nacional no concerto do mundo ou como vantagem ou como cópia. 

Por isso é necessário que surja um Machado de Assis que lhes dê uma porrada certeira e permita que a deriva alcance uma nova direção. É necessário um Palha que ponha a mão no bolso e construa o discurso divergente que coloque o indivíduo na justa medida de sua sociedade e de sua inserção nos dramas universais.

(oswaldo martins)

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