sábado, 27 de julho de 2013

Manifestação

As notícias que vêm sendo trazidas quase diariamente pelos jornais são típicas de uma imprensa interessada e interesseira. As versões noticiadas se apresentam sob a capa protetora de uma sociedade bem estabelecida nos seus privilégios e desmandos. Fazem os jornais coro com o que há de mais reacionário, tacanho e acusatório na sociedade brasileira. Formadas que foram no apoio sempre suspeito das ditaduras militares da América Latina, buscam reeditar, em seus papéis, um clima de medo, horror e reação.

A vida em uma sociedade democrática pressupõe o debate e o embate das vozes envolvidas nos processos sociais, desde que tenham as diversas vozes, que se confrontam, peso e medida iguais. O apagamento de jornais, no Rio de Janeiro, que sempre permitiram essas diversas vozes, vem a dar a primazia da notícia a um único jornal – que se estende desde o papel à televisão – criando um clima em que a notícia não possa ser contraditada. Passam assim verdades que não se põem em dúvida por que o estilo acusatório do jornaleco, que nos cabe, forja essa verdade para além de toda possibilidade de discussão.

As redes sociais cumprem o papel de difundir versões outras. Os que se sentem acusados ignobilmente pela vasta rede de comunicação que detém o monopólio da comunicação no Rio de Janeiro procuram se defender dentro das medidas cabíveis e legais. Lutam com as armas que possuem, no regime democrático que se vê ameaçado pela impunidade dos agentes da ordem (ou da desordem?) que o subvertem e prometem prolongar-se até a possibilidade da desestruturação profunda dos modelos de democracia ocidental.

A força policial descabida, o uso das balas de borracha, as leis de exceção permitem o aparecimento de ações radicais e obviamente da repressão aos manifestantes que pacificamente se põe a lidimamente fazer com que suas vozes sejam ouvidas para além das notícias que servem de esteio ao que as elites sempre quiseram. O abuso do poder sempre tem como vítima a própria sociedade na figura daqueles que se põe firmemente na defesa de seus pontos de vista. O abuso do poder sempre busca calar os que protestam e os empurram para uma posição de desconforto frente seus próprios atos. O abuso do poder não permite a contradita.

As primeiras manifestações tiveram o caráter de festa, comum a todo ato de liberdade. Muitos dos que participaram da festa democrática refluíram a partir dos ataques policiais na Lapa, na av. Men de Sá, nos arredores do Palácio os no Leblon. O refluxo dos manifestantes se deu a partir de Três premissas básicas. O natural desinteresse dos menos politizados; a ação truculenta das forças que deveriam manter a paz e garantir o direito a manifestação e as notícias que buscam intencionalmente torcer os fatos e permitir que se faça das manifestações uma má leitura, seja no ataque diário que os governos instituídos sofrem com o bombardeio da mídia, segundo seus interesses classistas e políticos.

A demonização dos manifestantes presos por dá cá aquela palha, a confusão criada contra pessoas de bem, vítimas de um jogo político sujo que busca entorpecer os ouvidos dos leitores e das pessoas com uma ladainha típica dos privilegiados, cria possibilidades concretas de não só dificultar o indivíduo que se opõe aos alicerces de uma sociedade injusta e formadora de castas, como de criar um clima propício à representação conservadora cuja maior vitória estaria em barrar os avanços sociais conquistados pela população mais desassistida.

É necessário que se tomem providências reais contra a hegemonia da mídia.
É preciso que se criem leis que protejam a sociedade do vandalismo midiático.
É urgente que se criminalize toda e qualquer notícia tendenciosa e acusatória dos meios de imprensa
É fundamental que pessoas íntegras tenham como se salvaguardar dos ataques gratuitos dos que as utilizam para criar um clima que nada dizem respeito a elas, mas que buscam usá-las com a tenebrosa finalidade de desestabilizar a própria democracia.


(oswaldo martins)

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