terça-feira, 10 de dezembro de 2013

MULHER VISTA DO ALTO DE UMA PIRÂMIDE

Eu vejo em ti as épocas que já viveste
E as épocas que ainda tens para viver.
Minha ternura é feita de todas as ternuras
Que descem sobre nós desde o começo de Adão.
Estás encarcerada nas formas
Que se engrenam em outras na corrente dos séculos.
E outras formas estão ansiosas por despontarem em ti.
Quando eu te contemplo
Vejo tatuada no teu corpo
A história de todas as gerações.
Encerras tua filha, tua neta e a neta de tua neta.
Ó mulher, tu és a convergência de dois mundos.
Quando te olho a extensão do tempo se desdobra ante mim.


(Murilo Mendes – As Metamorfoses)

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