sexta-feira, 28 de agosto de 2015

O amor é uma mulher morta

Pensar em Dante perseguindo
até o fim da vida
uma lírica
que justificasse ter passado tanto tempo
(entre inferno, purgatório
& paraíso) 
delirando inconsolável sobre a 
impossibilidade do amor   
  
Pensar em
Santo Agostinho
se arrependendo dos pecados
(logo ele que
era tão underground
& hedonista)
e covardemente separando
o amor de seu duplo
virulento

Pensar em Beatriz
guiando seu amado
e com ele todos os poetas
posteriores
mas incapaz (tamanha
a crueldade da pureza)
de conduzi-lo
ainda que piedosamente
a seu ventre fúnebre
& apaixonado

(Jopa Moraes)

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