quinta-feira, 18 de agosto de 2016

tarde

1

a janela olha-me

diz-se olhar deste de delfos
o anúncio da tragédia

esperamos eu e ela
parado no ar

o grito


2

nada se vê
nem o ela eu

nem o arcabouço
do tempo

tirésias da nulidade

3

a distância com que
olhamos

não é
sequer um após

o apostema
que guardamos

não se revela


4

o que
olhamos

seca as mãos no guardanapo
a aspereza

do que não se diz
do que embora se saiba

5

o resto
soluções brutas

para que a vida siga
sem a janela

que olha



(oswaldo martins)

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